Escrevo, nestas poucas linhas, uma breve memória do Curso de Verão 2024 para que as próximas gerações percebam a importância de se debater sobre o sistema social em que estamos inseridos.
No primeiro dia do Curso, o assessor foi Fausto Augusto Junior, que trabalha no Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), uma instituição voltada à pesquisa e sistematização de dados sobre a sociedade.
Ele conseguiu nos fazer olhar sobre como estamos inseridos em uma forma de relacionarmo-nos em sociedade, voltados à valorização do mercado, ou melhor, dos interesses daqueles que buscam acumular dinheiro, custe o que custar.
Vivemos em uma época difícil, que é resultado de escolhas antigas daqueles que detêm o poder político e econômico. O trabalho é uma forma de relacionar-se em sociedade, e há muitas pessoas sem trabalho ou renda, inclusive tendo aumentado o número de pessoas que precisam de programas sociais do governo para ter o mínimo necessário para sobreviver. Digo sobreviver, pois passar privações, não ter direitos, não significa viver.
Percebemos o quanto o setor industrial e agrícola tem diminuído os postos de trabalho, e enquanto tem aumentado a quantidade de postos de trabalho no setor de serviços, especialmente aqueles mais precarizados, como aplicativos, onde os trabalhadores não possuem garantias ou direitos, como o seguro social. Tempos de insegurança para o povo e segurança para os ricos.
Somente a política de escolarização e qualificação profissional não garante o acesso ao trabalho digno e à renda, especialmente para a juventude de 15 a 29 anos, que representa 23% da população, sendo que somente 24% dos jovens possuem trabalho. Que situação caótica!… Como vão (sobre)viver os 76% de jovens que não possuem trabalho ou renda? De fontes de renda precárias, de trabalhos indignos, do mercado de ilicitudes?
Precisamos urgentemente pensar em novas formas de organização coletiva, de superação das ideologias do empreendedorismo e da empregabilidade, as quais sepultam as pessoas na eterna exploração do/a trabalhador/a!
André Alcântara
Equipe de Comunicação