No 6° dia do Curso de Verão 2024, 9 de janeiro, o professor e biblista, Rafael Rodrigues da Silva, abordou o tema “Trabalho na Bíblia” e mostrou como o povo hebreu criticava o autoritarismo do faraó e como o Estado de Israel, na linguagem dos profetas, foi assassino e destruiu a vida dos camponeses e camponesas.
Nos primeiros capítulos do Êxodo, temos a revelação do Deus libertador (Ex 3,7-9.14), assim como na leitura da profecia dos séculos VIII e VII (Os 2,3; Mq 3,3; Is 3,14s). Posteriormente, foi constituído por hebreus os sem-terra do Antigo Oriente. Os profetas ressignificaram o povo a partir dos camponeses empobrecidos, das viúvas e dos órfãos, fazendo convergir neles o povo de Javé (Is 3,14s).
Na Bíblia, encontramos vários tipos de denúncias feitas pelo povo empobrecido: a exploração de mulheres e homens que trabalhavam e produziam; a extorsão de produtos provenientes do suor das famílias campesinas; denúncia à violência física, que muitas vezes levava à morte, dentre outras.
“A leitura do livro do Eclesiastes nos revela uma sutil reflexão sobre o trabalho nos ambientes das sociedades controladas pela cultura helênica. Também na época de Jesus, as condições de trabalho do povo não eram boas. A economia era baseada na agricultura, na produção e no trabalho dos agricultores. Os romanos estavam interessados que o governo local contribuísse para combater as ameaças externas nas fronteiras e também contribuísse para o bom funcionamento do comércio internacional. Os movimentos populares, incluindo o movimento de João Batista e de Jesus, se apresentaram na reação e na resposta do povo ao processo de destruição e de injustiças”, conclui Rafael da Silva.
No mesmo dia tivemos a contribuição da professora e coordenadora do Curso de Verão, Angélica Tostes, que interpelou sobre a leitura do livro dos Provérbios, 31,10-31, que fala sobre a mulher virtuosa.
“Esse ideal de mulher, contido no texto bíblico, é irreal e um peso das diversas responsabilidades que uma mulher virtuosa deva carregar, pois nega suas emoções e cansaços, em prol do marido e da família. As qualidades da mulher descritas no livro dos Provérbios, não são ruins, mas não podem definir um padrão para todas as mulheres. Não podemos esquecer das mulheres que terão outros objetivos, que não estes relacionados no texto bíblico. E mesmo assim, são exemplos de pessoas cheias de virtudes, importantes para nossa sociedade”, completa Angélica.
Keila Roberts
Equipe de Comunicação