Desde que começaram a preparar a 34ª edição do Curso de Verão a coordenação e os voluntários deste mutirão sabiam que não seria fácil migrar as atividades da formação para o online. Apesar disso, mantiveram o foco na essência do mutirão e na importância de tentar realizar o Curso, mesmo sabendo que muitos seriam os desafios e as adequações.
Para assegurar a participação na edição de 2021, que conta com rodas de conversas pela manhã e palestras à noite, muitos cursistas também tiveram que se adaptar ao formato virtual. Foi o que aconteceu com o professor Manoel Epifânio de Almeida, 66, conhecido pelos demais cursistas como Baiano e que mora na zona rural do município de Pintadas, na Bahia.
Ele também falou sobre a importância para sua vida de participar da formação desde a primeira edição. “Ao longo do ano, na minha lida do dia a dia, na tentativa de mostrar que outro mundo é possível, vai desgastando a água [da minha fonte]. Quando chega ao fim do ano, praticamente, meu pote está quase seco. Então volto ao Curso para reabastecer”.
Baiano, que está participando da roda de conversa em homenagem a “Rubem Alves”, finalizou dizendo que todo ano a formação reanima sua caminhada. “São muitos os tropeços que a gente encontra na vida. Há momentos em que estamos mais animados, outros menos. Estar no Curso de Verão é me fortalecer na caminhada deste outro mundo possível que eu acredito”.
Primeira participação no Curso de Verão
Apesar de conhecer o Curso há muitos anos e já ter prestigiado algumas assessorias pelas redes sociais, é a primeira vez que a aposentada Maria Candida de Paula Thomaz de Sousa, 64, moradora de Santo André, no Grande ABC Paulista, tem a oportunidade de participar como cursista.
Formada em Ciências Contábeis e Direito, Candida disse que nunca conseguiu se ausentar do trabalho durante o mês em que o Curso acontece, principalmente, na época em que ele era realizado ao longo de duas semanas. “Me aposentei em 2017, mas mesmo assim não consegui participar presencialmente. E no ano passado, perdi o prazo de inscrição”, relembrou.
Atuante, desde 1996, na Pastoral Afro da Paróquia Nossa Senhora Achiropita e integrante da Comissão de Justiça e Paz do Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dentre outras militâncias, ela compartilhou que está aproveitando muito a participação nesta edição do Curso. “Com essa pandemia, participei de várias lives, inclusive, algumas com a pastora Romi e com a Moema. Então, ouvi-las no Curso, está somando muito à minha caminhada e ao meu entendimento, sobretudo da situação atual, clareando minhas ideias”.
Contente com as pessoas que conheceu na roda de conversa “Nhá Chica” da qual está participando pela manhã, já faz planos de marcar presença na edição 2022 do Curso.
O bom filho à casa torna
Distante do curso desde 2015, a professora e artesã Neide Pereira, 35, moradora de Lins, interior de São Paulo, é uma das cursistas deste ano. Ela contou como está sendo a sexta experiência na formação. “Estou gostando muito. Como fiquei cinco anos sem beber da fonte do Curso sinto que voltei com muito gás, com mais ânimo, com vontade mesmo de ouvir, aprender e partilhar”.
Quem também pôde voltar a ser cursista depois de muitos anos foi a professora Jandira Ribeiro de Paula da Silva, 73, moradora do bairro de Perus, em São Paulo. Ela participou das cinco primeiras edições do Curso de Verão. Depois se tornou voluntária do mutirão. Foi monitora de oficinas, atuou mais de vinte anos na equipe de hospedagem e ainda passou pela equipe de alimentação.
Jandira contou que embora a vontade de voltar a ser cursista fosse enorme e estando em casa por causa da pandemia, deixou para se inscrever no último dia. “Resisti por um período em participar desse formato online por temer que a essência dos encontros presenciais não ocorresse. Mas justamente por ser minha possibilidade de voltar a ser cursista, cedi. E devo confessar que está sendo maravilhoso e gratificante. Está revigorando minhas energias e ainda me proporcionou reencontros”.
Ela gostou tanto que expressou um desejo. “Mesmo que tenhamos a possibilidade de voltar a ter o Curso presencial no próximo ano, espero que o online não seja descartado. Inclusive, porque tem mais pessoas na roda de conversa ‘Rosa Maria Egipciana’, da qual faço parte, que só estão participando por ele estar acontecendo neste formato”.
O professor Marcelo de Gouveia Branco, 50, morador do bairro Morro Doce, zona noroeste de São Paulo, é uma das pessoas do mutirão que Jandira reencontrou na roda de conversa.
Há 27 anos, ele é voluntário do Curso na equipe de hospedagem e também foi da equipe de alimentação. Com a realização do Curso no formato online, Marcelo não precisou assumir o compromisso com a hospedagem para esta edição. Por isso, pela primeira vez conseguiu se inscrever como cursista.
“Atuando na equipe de hospedagem eu sempre tive a alegria de participar de todas as palestras lá no TUCA, apreciando todas as exposições das equipes e dos assessores. Mas nunca tinha participado da dinâmica do curso como cursista”, comentou Marcelo.
Devido sua experiência de professor em 2020 com aulas online e tudo mais, ele achava que não seria uma boa a realização da formação no virtual. Mas assim como Jandira, também se surpreendeu positivamente e está gostando. “Está sendo bom e percebo que estamos conseguindo atingir um número legal de pessoas nas palestras. Estou contente de estar participando”.