A dança é uma forma de se comunicar com o corpo, a natureza e a vida. Além de ser uma forma mística de se conectar com o seu íntimo, ela cria energias que cativam outras pessoas, gerando relações de vidas.
As expressões de matrizes africanas, em especial o Jongo, era uma forma dos escravos se comunicarem sem que os senhores de engenho e capatazes compreendessem o que estava sendo dito entre eles. Naquele momento em roda, eles contavam suas tristezas e sofrimentos enquanto dançavam.
Na tenda de “Arte e Educação Popular”, os monitores trabalharam com os cursistas as relações de culturas europeias e afro-brasileiras. Tiraram as sandálias para sentir o solo enquanto se comunicavam na dança. “Para poder dialogar com o próximo durante o Jongo, é preciso prestar atenção nas pessoas que estão ao centro, para não atravessar a conversa. É preciso ter iniciativa e cuidado de trocar a dupla que está no centro para que o outro não canse ou se machuque”.
O cuidado com o corpo e a vida do outro durante o Jongo faz refletir a resistência dos africanos escravizados no Brasil, que mesmo diante a dor, desenvolveram uma forma de transmitir uma mensagem e confortar o coração uns dos outros, de forma mais leve, em sintonia numa mesma energia e luta, segurando de fato, às mãos uns dos outros para caminhar juntos rumo a um novo mundo possível.
Daniel Freitas / Comunicação / CV2019