O terceiro dia do Curso de Verão foi orientado pela assessoria do professor José Dari Krein. Ele é docente da Unicamp e tem experiência na área da economia, com ênfase em emprego, relações de trabalho, sindicalismo e negociação coletiva. Atua principalmente nos seguintes temas: flexibilização, legislação trabalhista, reforma, sindicalismo, trabalho, reestruturação produtiva, emprego, tecnologia, salário mínimo e desenvolvimento econômico.
Durante sua apresentação, Krein relatou que o trabalho perdeu prestígio na sociedade, tornando-se crescentemente um instrumento racional na luta das pessoas pela sobrevivência. Na pandemia, o trabalho ganhou um pouco mais de visibilidade, pois ficou evidente a dependência que os humanos têm uns dos outros para prover sua própria sobrevivência. Ao mesmo tempo, impulsionou algumas mudanças, como o teletrabalho e o trabalho por meio de plataforma digital.
Em uma análise dos últimos 40 anos sobre o trabalho, percebeu-se que o Brasil não chegou a constituir uma organização do mercado de trabalho no processo de industrialização entre os anos 1940 e 1980; as características estruturais como, informalidade, baixos salários e desigualdades nos rendimentos, se agravaram ainda mais. Ou seja, tem-se um mercado de trabalho mais precário e menos organizado, atualmente, do que havia em 1980, por exemplo. A crise do trabalho faz parte de uma crise sistêmica que se assola a sociedade na contemporaneidade.
“É uma crise que se expressa na ausência de oportunidades de trabalho para todas as pessoas disponíveis. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quase 60 milhões de brasileiros, no início de 2023, se encontravam na informalidade ou estavam querendo trabalhar. Assim, podemos concluir que as novas tecnologias e formas de produção de bens e serviços reconfiguram as ocupações e as classes trabalhadoras. Mas, ao invés de serem adotadas para organizar o mercado de trabalho, estão sendo mobilizadas para impor uma agenda que favorece o processo de acumulação do capital, criando uma situação desfavorável aos trabalhadores e suas organizações coletivas”, conclui José Dari.
Keila Roberts
Foto: Paula Lopes
Equipe de Comunicação