As últimas eleições, de 2.018, que elegeu Jair Bolsonaro a presidente da República, e 2.020, que coloca em evidência a queda do chamado grupo de esquerda, confirma o fortalecimento de uma classe mais tradicional e conservadora no cenário político do Brasil.
Este cenário representa a ambiciosa e descontrolada busca por poderes que tem influenciado, principalmente, nas questões econômica e social da população brasileira, que ficaram ainda mais em evidência neste período terrível de pandemia.
Buscando uma reflexão em torno deste preocupante assunto, o Curso de Verão deste ano recebeu os convidados Rodrigo W. Consenza, professor de História e especialista em Desenvolvimento Territorial, e Maria Gorete M. de Jesus, pesquisadora e especialista em Direitos Humanos.
Conseza fez uma análise de conjuntura deste cenário, colocando o crescimento da chamada direita, que se fortaleceu na maioria das cidades, com o maior número de vitória nas últimas eleições, porém, enfatizou a resistência do grupo de esquerda, que conseguiu ainda se manter em algumas regiões e apresentar um número significativo de candidatos para pleitear tais cargos, levantando bandeiras e se organizando como movimentos sociais e mandato coletivo.
Estes dados revelam a sobrevivência da esquerda, mas colocam em evidência o fortalecimento da direita tradicional e conservadora, com a formação de um novo contexto político, amparado pelo neoliberalismo.
Para Maria Gorete, se o país já enfrentava grandes desafios com a retomada deste conceito neoliberal, com o alto índice de desemprego, aumento da pobreza e desigualdade, entre outros problemas, a declarada pandemia de 2.020 elevou ainda mais as mazelas à sociedade, com a intensificação da crise sanitária e de saúde.
Maria Gorete classificou o atual sistema como precatório que não respeita a humanidade. “Esse sistema é individualista, destrutivo e extremamente consumista”, disse.
Para a pesquisadora, o desafio é enfrentar este sistema perverso, que não é apenas um modelo econômico, ele representa um “projeto de morte”. “Precisamos enfrentar os temas que permitem este tipo de ‘des’-governança, que busca tirar a nossa potência de luta”, finalizou.
Os assessores convidados ressaltaram a importância do Curso de Verão, projeto que tem se organizado a favor, principalmente, dos mais vulneráveis, buscando os direitos e a igualdade social. A iniciativa é mais uma ação que mostra que a esquerda sobrevive e mantém a sua luta.